Nicole Gonçalves
- 6 de jul. de 2021
- 2 min de leitura

Resenha do livro "O Quarto Branco"

Por Nicole Gonçalves - Resenhista da Editora Frutificando - 06/07/2021

SINOPSE

"O Quarto Branco" conta a jornada de Juliana - a autora - através das paredes de sua própria mente e das paredes sem cor do hospital psiquiátrico onde foi internada. Separada em três partes - cada uma narrando uma de suas internações - a obra nos leva diretamente para dentro de sua mente, onde podemos sentir na pele a intensidade de seus pensamentos.

RESENHA

Confesso que senti certa dificuldade em dar uma nota à essa obra, mesmo já tendo opinião formada, principalmente por se tratar das vivências de alguém. Como poderia, eu, dar uma nota para a vida de uma pessoa? Então resolvi que meu olhar literário, dessa vez, seria separado do meu olhar humano, mesmo que ambos dependam um do outro.

A leitura de "O Quarto Branco" para mim foi uma experiência completamente nova. Considero como uma autobiografia e por não costumar ler muitas, tudo foi novo. A escrita é limpa, sem floreios, metáforas, eufemismos ou analogias, e acho que isso foi o mais diferenciado: parecia que a autora conversava comigo, diretamente, como se estivéssemos trocando mensagens.

Acredito que, do ponto de vista crítico, há ainda certos pontos a desenvolver. Os três amigos, principalmente. Quem são? Como foram parar lá? Amizades envolvem os leitores, isso é fato. Ainda, sobre o tópico acerca dos personagens secundários, me incomodou a insensibilidade ao escrever sobre os outros. "A esquizofrênica", "A mulher do TOC", "A depressiva". Elas não têm nomes? É cabível o ponto do sigilo, mas nada que uma troca de nomes não resolva. Senti como se seus transtornos os definissem, como se fossem rotulados pelas suas fraquezas. Por outro lado, pode-se entender a utilização desses estereótipos de maneira estilística, denotando certo grau de denúncia.

Há uma linha muito tênue ao me perguntar se eu recomendaria essa obra, porque sinceramente não é do tipo que eu vá sair panfletando, mas eu recomendaria, sim, em situações muito específicas. Nunca para pessoas que possam sentir gatilhos ou estejam na mesma situação, mas com certeza para quem queira entender, mesmo que superficialmente, como é sofrer de um transtorno tão sério como o Borderline.

⭐⭐⭐

Minhas estrelas passaram a não poder deixar de ser três.

O gancho bem feito, na última página, para o próximo livro, me fez querer esperar para ler só para saber o significado do desenho. Muito inteligente.