Por Luana Jardim, para a coluna Canteiro de Reflexões - 03/07/2021
Olá, pessoas floridas! Espero que estejam bem!
Neste primeiro texto da coluna, decidi compartilhar com vocês uma história de imensurável importância para mim e, para iniciá-la, gostaria de enfatizar o quanto as palavras são poderosas. Sim, as palavras podem salvar vidas e eu descobri isso anos atrás.
Havia uma garotinha que, todos os dias, sentia saudades de casa. Ela costumava lamentar o fato de que estava longe dos avós, do restante de sua família e do ambiente que a fazia sentir-se acolhida. Ela chegou ao ponto de não ver mais sentido em nada.
Tudo começou quando, por ter nascido no Nordeste do país e sua mãe ter viajado para o Sudeste, em busca de mais oportunidades de vida, a garotinha viu-se na berlinda entre as duas regiões. Ela amava o lugar que havia nascido, mas também amava a mãe e não podia suportar a ideia de ficarem separadas por tempo indeterminado.
Então, mudaram-se para o Sudeste.
Foi como ter renascido em uma realidade alternativa, em uma terra completamente diferente da primeira, com pessoas ainda mais distintas do que ela poderia imaginar. Para a garotinha de apenas 7 anos, aquele nunca seria o seu lar de verdade. Sentia-se deslocada, sempre à sombra da saudade. Ela enfrentou o bullying por causa do sotaque, da altura e de tudo mais que as crianças da época foram capazes de reparar e julgar. Ela passou de uma alma inocente e alegre para uma reprimida e triste. Os dias tornaram-se todos cinzentos e frios, pois as únicas cores em seu mundo infantil haviam sido empurradas para debaixo de sua cama.
A garotinha foi forçada a viver diante da promessa vazia de que tudo aquilo seria temporário.
Mas não foi.
Acabou tornando-se sua verdadeira vida, sua realidade fixa. Ela achou que nunca seria capaz de sair daquele sofrimento, daquela situação incômoda, daquela sensação sufocante. No entanto, quando menos esperava, ganhou um presente inestimável de sua mãe, aquela que fazia de tudo para que a filha tivesse o melhor que podia proporcionar, a mulher mais guerreira e inspiradora que a garotinha já havia conhecido.
Sua mãe havia lhe dado um livro.
Ou, como descobriu momentos depois, um portal mágico.
A primeira reação da garotinha foi admirar cada pedacinho daquele presente. Ela passou os dedos pelos detalhes da capa, meditou na sinopse e no conteúdo das orelhas do livro, folheou o papel amarelado e, por instinto, aproximou o nariz do exemplar e o cheirou, fechando os olhos. Foi como um ritual que, apesar de novo, parecia estar enraizado em seu inconsciente.
A garotinha não dormiu naquela noite, não até que a última página do livro fosse virada.
Após ter devorado aquela história, ela pegou-se desejando mais e mais daquela experiência incrível. Ela queria continuar sendo inteiramente absorvida pelas palavras. Estava enfeitiçada pelo modo como foi capaz de viajar por todos aqueles cenários e de vivenciar cada uma daquelas cenas sem sair de sua casa, sem sequer sair do lugar!
Naquele instante, enquanto seu coração havia voltado a bater para alimentar sua esperança de que tudo ficaria bem, ela desejou poder ajudar alguém como aquela autora a havia ajudado. Desejou poder salvar vidas por meio das palavras, ser capaz de causar em alguém aquela sensação de completude. Ela também queria ser uma escritora de palavras mágicas e poderosas.
A partir daí, a garotinha nunca mais parou, nem permitiu que seu sonho se esvaísse, mesmo diante dos dias mais difíceis e das mais incontáveis provações, ela jamais o renunciou. Ela perseverou e, aos poucos, foi conseguindo vencer uma luta de cada vez.
Hoje, ela sabe que diversos outros desafios continuarão confrontando-a, tentando fazê-la desistir, entretanto, essa garotinha ensinou-me que as palavras podem ser, além de amigas fiéis, a melhor arma contra qualquer batalha do ser humano. Dessa forma, eu afirmo que as palavras salvam vidas, porque elas salvaram e continuam salvando a minha.
Agradeço a quem leu até aqui!
Beijos de flores,
Luana Jardim
Formada em Letras - Língua Estrangeira, Luana Jardim é amante da escrita desde a infância. É autora do livro Pétalas Soltas (Frutificando, 2021) e tem vários outros títulos em andamento. Uma maranhense cheia de saudades da sua terrinha, já que vive atualmente em São Paulo. Foi criada apenas por sua mãe que, com a ajuda de seus avós maternos, conseguiu ensinar-lhe os principais valores da família Jardim, da qual transformou a essência em inspiração, regando e florescendo como a “menina do jardim”, como identifica-se nas redes sociais e no mundo das palavras. Luana sente que está indo no caminho da realização de seus sonhos, por isso, tem muito orgulho de poder definir-se como escritora, revisora e tradutora.
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E como salvam! Realmente a leitura é a abertura de uma porta para a vida. Amei seu primeiro texto, Luana. Só gratidão. 💚